MOMENTO BRASIL: UM GRANDE MOMENTO-ZERO

Postado em 28/06/2013 | Autor: proatividade

O Brasil nunca mais será o mesmo. A voz das ruas está impondo ao governo mudanças drásticas e urgentes. As manifestações – um grande momento-zero em nosso ponto de vista – estão fazendo os políticos saírem da inércia e serem mais atuantes. Foi preciso a mudança ocorrer para tirar o governo de sua reatividade. Sim, como acontece com as empresas, o poder público também é reativo. O que todo esse novo estado de coisas tem a ensinar ao mundo corporativo e seus líderes sobre proatividade? Quatro constatações que nos parecem relevantes:

1. Uma nova ordem de mercado se impõe.

Adolescentes e jovens, principalmente, não aceitam mais uma sociedade onde se estraga para depois consertar. Veja a questão da mobilidade urbana: ao mesmo tempo em que o acesso ao crédito turbina a venda de automóveis para as classes C e D, sabe-se que é preciso vultosos financiamentos para uma nova estrutura de transporte coletivo. A sociedade não aceita mais que se derrubem árvores, que se aterrem banhados, para dar lugar a novos engarrafamentos. O caos atual da mobilidade urbana há muito emite evidentes sinais de sua ocorrência. Sinais fortes que foram negligenciados pelo Governo. E no âmbito das empresas, que sinais já pulsam e sussurram ao ouvido gerencial? Como serão as restrições ao uso do automóvel no futuro? Surgirá uma nova geração de carros híbridos (sabemos que a Toyota foi proativa ao apostar nesse momento-zero)? Que montadora vai vencer a batalha de mercado dos carros elétricos? O que comprará uma sociedade em que mais de 90% das pessoas andarão de trem ou ônibus em mega cidades?

2. O mercado hoje fala, ele não somente ouve.

O povo (leia-se, o mercado consumidor) exigiu novas tarifas para o transporte coletivo, ou seja, novos preços. E conseguiu. Tratando-se de serviços de interesse público, o mercado não aceita mais a imposição de preços que não pode pagar ou que julga incompatíveis com a qualidade ofertada. Foi-se o tempo em que as empresas ditavam os valores de compra, acobertadas por uma economia fechada e com pouquíssima competitividade. Hoje o mercado fala, mais do que isso, ele grita. Considere os movimentos contra produtos politicamente incorretos. Eles estão crescendo mais e mais. Bom para todos que assim seja. Ruim apenas para as empresas que não souberem antecipar as novas necessidades de mercado. Necessidades mais verdes, menos agressivas à natureza. Necessidades mais justas e equilibradas socialmente. É tendência irreversível: chegará o dia em que os consumidores vão pagar mais por produtos sustentáveis por terem plena consciência de seu valor. Que tal antecipar esse momento-zero?

3. As redes sociais mostram a sua força extraordinária.

Estamos vivendo a primeira revolução popular alicerçada na internet. Não é pouca coisa. As mídias sociais podem derrubar governos… E a sua empresa. Como anda o seu radar para redes sociais? Seus gerentes sabem o que falam da sua empresa no Facebook? No Twitter? Sua empresa é aflita em relação ao que acontece no mundo virtual, não consegue nem ao menos responder a ele? Como está o diálogo via internet da sua empresa com o mercado? Ou ela não só dialoga, mas também se antecipa e fala ao mercado iniciando a conversa? O 0800 já era… Poste hoje uma reclamação no YouTube e é só esperar pelo estrago. Seus estrategistas sabem lidar com essa nova realidade?

4.  As empresas precisam criar já o que chamamos de “reserva de futuro”.

O débito social acumulado pelo governo nos campos da saúde, educação e transporte mostra claramente a falta de visão antecipatória na alocação de recursos, onde não foram priorizadas áreas mandatórias para o desenvolvimento socioeconômico. Criar reserva de futuro significa investir estrategicamente no longo prazo e não sacrificar ativos essenciais para maquiar resultados no presente. Governo sem reserva de futuro torna-se um mero agente reativo às intempéries do presente.  Agora pense na sua empresa. Que áreas da gestão são mandatórias para se criar essa reserva de futuro, um antídoto valioso contra a reatividade de mercado. Pense em temas de interesse crucial para o seu negócio e construa imagens do futuro em torno deles. Monte cenários a partir de incertezas críticas: que questões instigantes sobre o futuro seus estrategistas não conseguem responder. Justamente pela falta de resposta, elas valem muito e devem estimular o pensamento criativo. Afinal, se fosse possível adivinhar o futuro, mais prático seria contratar videntes ou cartomantes. Pense nisso e comece a agir já.



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