O Equívoco da Previsão e os Sinais do Futuro

Postado em 08/11/2011 | Autor: Proatividade Mercado

Um olhar sobre as profecias de décadas passadas deixa claro que a previsão não é o melhor caminho para as empresas tentarem visualizar o futuro. Futuristas dos anos 50 veriam hoje que suas previsões passaram longe do amanhã que imaginaram: não andamos em carros voadores, tampouco passamos as férias em colônias lunares, como preconizavam muitas especulações passadas sobre a vida no século XXI. Ao mesmo tempo, realidades hoje onipresentes como a internet, a música digital e a virtualização da informação jamais foram sequer pensadas, ficando ao largo até das previsões mais ousadas. O excesso de confiança e a crença desmedida na própria capacidade de imaginar o futuro podem levar os estrategistas a caminhos enganadores. É o “equívoco da previsão.”

O equívoco da previsão reflete a tendência que temos em supervalorizar nossa visão particular da realidade, negligenciando o fato de que nossos modelos mentais interferem de sobremaneira em nossa percepção do mundo. Como na conhecida parábola dos seis cegos que apalpam diferentes partes de um elefante e concluem erroneamente sobre a natureza do animal, podemos ser traídos por nossa percepção do futuro se nos basearmos somente em nossa interpretação da realidade. No mundo dos negócios isso pode levar a previsões como a dos executivos da 20th Century Fox na década de quarenta, que desdenharam o potencial comercial da televisão frente ao cinema tradicional, ou do então presidente da gravadora Capitol, Alan Livingston, ao afirmar em 1964 que os Beatles não teriam a menor chance de sucesso no mercado americano. Tentar adivinhar o futuro pode levar a conclusões vexatórias.

O equivoco da previsao e os sinais do futuro

Empresas proativas sabem que a fina arte de visualizar o futuro pressupõe não tentar prevê-lo, mas sim, ter um radar aguçado aos sinais que esse sempre emite. Essa, no entanto, não é uma tarefa corriqueira. Captar os sinais da mudança é o primeiro passo, mas é preciso também decodificar a mensagem, compreendendo o que ela realmente tem para dizer. Estrategistas, como seres humanos, compartilham a estranha tendência que temos em ignorar os antecedentes da mudança. Quase sempre idealizamos o que no fundo queremos que aconteça, e acabamos analisando as potencialidades futuras sempre com base naquilo que gostaríamos que acontecesse. É novamente o equívoco da previsão em cena.

Uma recente pesquisa junto a 177 CEOs, diretores e executivos ligados à indústria do livro realizada pelo Book Industry Study Group, por exemplo, evidenciou a dificuldade dos estrategistas em enxergar os momentos-zero da mudança e acreditar em sua iminência: 41% dos entrevistados revelaram não antecipar mudanças significativas na indústria, 61% consideraram o Twitter um modismo passageiro, e uma parcela significativa foi cética a mudanças como o crescente impacto de conteúdos gerados pelos leitores (como ocorre, por exemplo, na avaliação de publicações em sites como a Amazon.com.). A dificuldade das empresas em imaginar como será a indústria do livro num futuro próximo foi resumida na fala de um entrevistado: “o assustador nisso tudo é que nós não sabemos o que não sabemos”.

A dificuldade em acreditar que as coisas já não são as mesmas e a busca por confirmações às próprias crenças é um grande entrave no rastreamento dos sinais do futuro. Empresas que não conseguem se desprenderem de seus paradigmas sobre o mercado acabam fatalmente resvalando para o equívoco da previsão. Abandonar a idéia de que prognósticos e projeções podem desvendar o amanhã de forma absoluta é o primeiro passo para as empresas que querem criar o futuro pelas próprias mãos. Mesmo porque, como bem ironizou Mark Twain: “é difícil prever: principalmente o futuro.”



4 Respostas para “O Equívoco da Previsão e os Sinais do Futuro”

  1. paula

    quero saber mais sobre esse assunto

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    • proatividademercado

      Olá Paula, falamos sobre essa questão em maior detalhes em nosso livro. Em breve publicaremos outros posts a respeito, certo?
      Um abraço e obrigado pelo interesse.
      GAVA/ARAÚJO

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  2. Yolanda

    Cool blog!

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