Cinco verdades sobre inovação

Postado em 26/10/2015 | Autor: Proatividade Mercado

A capacidade de inovar é uma das habilidades-chave das empresas proativas. Desde nosso primeiro livro enfatizamos a importância da inovação proativa – aquela que causa uma mudança radical no modelo de negócio do mercado – no contexto da antecipação da mudança. Por esse motivo enxergamos a proatividade e a inovação como habilidades gêmeas, faces de uma mesma moeda. Dificilmente uma empresa pouco inovadora conseguirá atuar de forma realmente proativa. E o contrário também é verdadeiro: empresas reativas, seguidoras e voltadas apenas para a defesa de mercado, serão fatalmente pouco inovadoras.

 

Inovar, portanto, é uma questão fundamental no escopo da proatividade de mercado. Contudo, ainda inovamos muito pouco no Brasil, em comparação com nossos competidores mundiais. Que o digam os rankings de inovação, onde historicamente o Brasil se encontra nas últimas posições (veja box). Uma boa parte da culpa tem a ver com o governo. Nosso ambiente de negócios não é propício à atividade inovadora. Falta-nos o que se chama de ecossistema de inovação, ou seja, uma plataforma de fomento que envolva centros tecnológicos, instituições de pesquisa, academia, empresas e esfera pública. É preciso, portanto, que o Estado invista mais, facilite os trâmites de inovação, melhore os estímulos e propicie um ambiente mais favorável para que as empresas inovem.

 

numeros inovacao brasil

 

Mas a inovação também depende das empresas, e é essa questão que nos interessa mais de perto. Se a inovação está relacionada com vontade, cultura e determinação estratégica, então é possível direcionar esses valores para que o processo inovador floresça. Em consequência, as ações para aumentar o grau de inovação farão com que a empresa tenha maiores chances de atuar proativamente.

Não por acaso, um dos obstáculos da inovação proativa que citamos já há algum tempo, o receio da canibalização, é uma característica sempre encontrada em empresas voltadas apenas a defender o próprio mercado. Isso, muitas vezes, tem efeito deletério. O caso da KODAK ilustra essa questão de forma emblemática (veja abaixo).

O líder proativo precisa acreditar – antes de tudo – que inovar vale a pena e investir nisso. Em países inovadores, como China, Coreia e Japão, o aporte privado nos projetos de inovação chega a 75%. No Brasil, é de 50%.  Recente pesquisa do jornal Valor Econômico com 136 grandes corporações atuantes no Brasil chancela o que estamos dizendo: apenas 19% delas investem mais do que a média mundial (3,5% do faturamento) em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).  Inovações não acontecem por acaso: elas são resultado de planejamento, disciplina e escolha estratégica. E isso só a empresa pode fazer.

 

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Moral da história: é preciso que os gestores tirem a inovação do discurso e ajam para torná-la realidade. Nesse sentido, uma visão clara e objetiva do processo inovador tem papel fundamental. É preciso reconhecer o que a inovação é (e o que ela não é). As cinco verdades que seguem abaixo podem ajudar sua empresa nessa tarefa. Pense nelas; aplique-as no dia a dia. Lembre-se de que inovação não acontece por decreto. Ela é fruto de conhecimento, disciplina e pré-disposição para inovar.

 

5 verdades sobre inovação_v4

 

1. Inovação é estratégia de longo prazo. Inovação não acontece da noite para o dia. Empresas inovadoras investem de forma permanente na busca por novas formas de fazer negócio. A maneira mais correta de fazer isso é estipular um percentual sobre o faturamento para os projetos inovadores. E o investimento em inovação deve se dar inclusive nos momentos de crise. Quando o período econômico difícil termina, as empresas que não deixaram de inovar em P&D são sempre as que mais aproveitam a volta do crescimento.

 
2. Não existe inovação sem parceria. Nenhuma empresa inova sozinha. Inovação é resultado de uma rede de conhecimento, tecnologias e competências distintas, que dificilmente serão dominadas por apenas uma organização. É a chamada inovação aberta. Nesse contexto, a troca de conhecimento e expertise com centros tecnológicos, instituições de ensino e pesquisa, é indispensável.

 
3. Inovação é questão de cultura. Todos os livros de inovação trazem essa premissa incontestável: empresas inovadoras promovem, antes de tudo, uma cultura de inovação. Isso significa que a inovação deve permear toda a empresa, seus valores, visão de futuro e estratégias. Sem isso, a inovação será no máximo um movimento isolado e descontínuo, com poucas chances de sucesso.

 

4. Não existe inovação sem risco. Inovar é arriscado. Inovações carregam consigo, sempre, a possibilidade do fracasso. Empresas inovadoras gerenciam o risco e o erro, os dois grandes vilões do processo inovador. Elas dimensionam os limites de perda para que eventuais fracassos não afetem de sobremaneira o negócio. Elas também aceitam o erro como parte natural do processo de inovação, vendo-o como uma valiosa oportunidade de aprendizado e melhoria futura.

 
5. Inovação não ocorre só em produto. As oportunidades de inovação vão muito além do lançamento de novos produtos e tecnologias. Pode-se inovar, por exemplo, em serviços agregados, no canal de distribuição, no fornecimento de matéria-prima, no relacionamento com os clientes, na precificação, nos processos operacionais. Reduzir a inovação apenas ao produto físico diminui as possiblidades estratégicas da empresa.



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