A Reatividade tardia nas obras da Copa: Lições para desaprender

Postado em 19/05/2014 | Autor: proatividade

Reagir ao ambiente externo é uma condição necessária para qualquer empresa, sobretudo em cenários de turbulência competitiva. É quando a reatividade de mercado entra em jogo como condição vital para que a empresa vença o desafio de adaptar-se rapidamente ao turbilhão das mudanças. Nesse contexto, o nome do jogo é velocidade com flexibilidade. Vencerá o player capaz de combinar melhor essas duas condições, usando táticas engenhosas de resposta e ajuste. Resumindo: em nossas pesquisas e consultorias no campo da proatividade de mercado, continuamos defendendo a reatividade inteligente como arma de defesa eficaz.

Agora pense na preparação do Brasil (lê-se gestão da infraestrutura) para a Copa do Mundo. O país teve sete anos para se preparar e bateu vários recordes negativos, quando comparado a outros países, no quesito conclusão de obras.   Agora, na contagem regressiva, a lógica de raciocínio dos gestores aflitos funciona mais ou menos assim: espera-se que sete anos se transformem em sete milagrosos dias e que tudo esteja em ordem para o ponta pé inicial no dia 12 de junho; afinal, se “Deus é brasileiro” e criou o mundo em sete dias, tudo dará certo! Mas a que custo? Essa é pergunta que não quer calar.

A reatividade tardia do Brasil custou muito caro. Custou a extrapolação dos orçamentos e o risco inevitável de má execução das obras na correria derradeira. Veja só a analogia com o próprio futebol: o que acontece com o time que precisa marcar dois gols na final do campeonato, faltando 10 minutos para terminar o jogo? Nessa circunstância, tudo é válido, custe o que custar! E danem-se a estratégia inicial, o planejamento tático, as jogadas ensaiadas. Nada disso importa na hora do sufoco.

Além do ônus financeiro, a letargia reativa nos custou muito mais. Custou danos à imagem do país na mídia internacional, a cada alfinetada do secretário geral da Fifa sobre o ritmo das obras. Nossa reputação sofreu arranhões, aumentando a desconfiança de vários agentes do mercado no cumprimento do “dever de casa” para outro megaevento sediado no país: as Olimpíadas 2016.  Um contexto desfavorável para a marca Brasil nos cenários esportivo, econômico e político.

A gestão pública na preparação para a Copa deixa lições que empresários e executivos devem desaprender para sempre. Imagine estratégias de mercado executadas com tal grau de reatividade tardia. Seria um desastre anunciado, com certeza! As regras do jogo competitivo são muito claras. Uma delas é essa: não há prorrogação para os ineptos. A dinâmica dos mercados é duríssima com os mais lentos e despreparados. Concorrentes não esperam gratuitamente pelo nosso próximo lance. Clientes não perdoam “pisadas na bola”: entregar ofertas “quadradas”, errar na precificação, desprezar o pós-vendas, iludir na propaganda ou fazer promoções sem valor real.

Antes de entrar em campo para competir, pense em tudo isso. Saiba que o ônus de reações tardias e desordenadas é tão danoso quanto a inércia diante das mudanças do mercado. E procure evitar um mal tremendo que chamamos de aflição competitiva. Empresas aflitas geralmente tomam cartão vermelho ou acabam perdendo o jogo.

 

 



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