GESTÃO PÚBLICA PROATIVA

Postado em 24/05/2012 | Autor: Proatividade Mercado

Como cidadão, já imaginou ganhar um bônus para ir trabalhar a pé ou de bicicleta? Isso é possível se você mora em Londres. Simples: basta digitar no smartphone o destino de sua viagem e um aplicativo sugere as rotas para percorrer a pé ou de bicicleta. Se seguir uma das rotas propostas você ganha pontos como recompensa e que viram desconto em lojas conveniadas ao sistema. Por trás dessa idéia inovadora há uma parceria firmada entre a companhia de transporte municipal (TFL- Transport for London) e o Recyclebank, uma organização especializada em programas de incentivo a ações sustentáveis (green actions) que conta com mais de 3 milhões de membros e 3 mil estabelecimentos credenciados no Reino Unido e nos Estados Unidos. E então, trata-se de uma boa idéia?  Se morasse em Londres, você entraria nessa onda das bikes?

Gestão Pública Proativa
Em Londres, vias exclusivas dedicadas à bikes geram benefícios à comunidade e ao planeta.

A Prefeitura de Londres incentiva o uso de bikes como alternativa sustentável e inteligente para reduzir a poluição e melhorar o congestionado trânsito da cidade. De acordo com estudos da prestigiosa London School of Economics, esse incentivo à prática do ciclismo, além de representar um oportuno apelo à sustentabilidade, é um excelente negócio do ponto de vista financeiro: rende anualmente quase R$8 bilhões aos cofres públicos, mediante impostos diretos e indiretos arrecadados na cadeia produtiva do setor de bicicletas que engloba 23 mil pessoas. Uma quantia vultosa capaz de catapultar resultados de qualquer grande corporação ao redor do mundo.

Como essa, várias iniciativas inovadoras no âmbito da gestão pública representam estratégias que impactam o mercado (nesse caso devemos considerar a comunidade em geral como alvo da ação governamental). Assim, seja na esfera legislativa ou na executiva, o Governo representa um agente ativo na dinâmica dos mercados. O que queremos dizer com isso? Que o Governo pode ir além de seu tradicional papel de regulador das relações travadas no âmbito dos mercados e construir estratégias que visem antecipar o futuro. Vejamos a seguir algumas perspectivas de gestão proativa do Governo nas três dimensões da proatividade de mercado: Oferta, Indústria e Cliente.

Gestão Pública Proativa

PROATIVIDADE DE OFERTA

Quando se trata de serviços públicos a dimensão Oferta representa um campo fértil para ações proativas. Mesmo sem o caráter competitivo que marca as inovações em produtos nos mercados privados, o Governo pode inovar e antecipar mudanças. Como fez em 1997, quando lançou o programa Receitanet para permitir que os contribuintes enviassem suas declarações de imposto de renda através da internet.  Hoje milhões de brasileiros prestam contas com o leão sem sair de casa ou do escritório, e de forma muito segura! Sem dúvida, um momento-zero impactante na vida do contribuinte-cliente. Essa inovação é mundialmente reconhecida e mostra que ações proativas podem ser construídas na agenda estratégica da gestão pública quando se fala em oferta de serviços.

PROATIVIDADE DE INDÚSTRIA

Praticamente todos os mercados sofrem algum tipo de ação reguladora de órgãos governamentais. A visão de futuro deve permear esse papel regulador do Governo, como agente ativo da cadeia de valores dos mais variados setores econômicos, para que seja promovido o desenvolvimento consistente dos mercados. Se as empresas em geral podem agir proativamente junto ao marco regulador do seu setor de atuação, criando facilitadores ou removendo obstáculos, o Governo, por sua vez, deve buscar a antecipação de mudanças na dinâmica competitiva dos mercados, promovendo-se regulações de caráter mais prospectivo e menos adaptativo às mudanças no ambiente econômico e tecnológico. Assim, a gestão proativa de questões tributárias e operacionais pode representar uma alavanca de expansão de mercados onde todos os agentes se beneficiam.

PROATIVIDADE DE CLIENTE

O exemplo das bikes de Londres é tipicamente uma ação proativa na dimensão Cliente (lê-se comunidade). No contexto da administração pública, sabemos que muito se pode fazer no sentido da antecipação de mudanças no comportamento do cidadão-cliente, seja pela ação direta do Governo ou através de parcerias estratégicas com empresas. Temas como saúde, segurança, cidadania, sustentabilidade abrem um amplo leque de possibilidades de ações proativas que visam guiar o comportamento das pessoas em prol de causas comuns e relevantes para a sociedade. Uma gestão pública proativa na dimensão Cliente é aquela que antecipa tendências e é capaz de educar e guiar atitudes dos cidadãos.

Finalmente, tal como acontece no mundo das empresas privadas, a ação proativa na esfera pública requer uma gestão proativa. É preciso desenvolver capacidades que vão da liderança proativa à capacidade de visualizar realidades futuras, passando pela gestão de riscos e de erros, pela capacidade de inovar proativamente, para citar algumas. Em outras palavras, o Governo não tem a prerrogativa de decretar a sua própria proatividade. É necessário desenvolvê-la, criando-se o que chamamos de mind set proativo, ou seja, estimulando uma cultura de proatividade entre os gestores.



2 Respostas para “GESTÃO PÚBLICA PROATIVA”

  1. Maria Laura

    Boa tarde!
    Para fazer um serviço público proativo primeiramente é preciso mudar a cultura do funcionário público.
    M aria Laura

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  2. Diorela

    Gostei demais desse sistema e das ideias que poderiam fazer cidades brasileiras ganharem tanto mais, não é?! Tenho um projeto no facebook que se chama Vista da Cidade. Republiquei o seu link lá. Um abraço

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